OS DIFERENTES TIPOS DE CAPITAL MOBILIZADOS NO CONTEXTO ESCOLAR E O ACESSO DOS JOVENS A MUSEUS

Sibele Cazelli (MAST/MCT – sibele@mast.br)
Creso Franco (PUC-Rio – creso@edu.puc-rio.br)


Introdução

        No contexto atual, ganham relevância questões sobre a demanda cultural para a inserção na sociedade contemporânea. Neste sentido, um fator que pode favorecer a ampliação e o aperfeiçoamento da cultura é o estreitamento das conexões entre a educação formal e a não formal. Tal constatação não reduz o papel fundamental da escola, mas amplia a responsabilidade do Estado em fornecer meios que aprofundem o conhecimento, pois o desenvolvimento dos indivíduos está relacionado às suas possibilidades e/ou oportunidades de atualizar o acervo cultural.
        Todos esses pontos têm levado muitos autores a insistir em que a promoção da cultura seja desenvolvida por uma rede de instâncias culturais. Os museus como ambientes que possibilitam intensa interação social e experiências afetivas, culturais e cognitivas, vêm ocupando lugar de destaque nesta rede.
        Como essa instituição lidará com a mudança e com a transformação, uma vez que se depara com profundos desafios culturais, sociais e econômicos? Certamente, deverá definir mais claramente sua função social. Entretanto, diante destes desafios, outras questões se apresentam: que papel terá na produção e distribuição do conhecimento? Quais conhecimentos ou perspectivas devem ser priorizados? No centro desta discussão estão a dimensão educacional e, mais recentemente, a comunicação, inerentes à relação entre o museu e seus diversos públicos.
        Ao longo dos anos, tanto a pesquisa como as práticas educacionais e comunicacionais relacionadas às exposições e/ou às atividades em museus têm se intensificado, configurando, cada vez mais, um campo de produção de conhecimento. Nesta via, estudos e estratégias têm sido utilizados na tentativa de disponibilizar o conhecimento científico de forma acessível e com qualidade para seus visitantes. O desenvolvimento de novas audiências vem sendo considerado uma importante estratégia cultural para os museus e tem estimulado uma reflexão constante sobre como melhor promover o acesso físico e o engajamento intelectual da sociedade a estas instituições.
        Outro aspecto importante diz respeito à pluralidade das culturas urbanas, à sua variação nos cenários de interação social e à emergência de novos padrões de gosto, o que tem se constituído em objeto de estudo da sociologia da cultura. Inúmeros autores sinalizam uma alteração nos padrões de consumo cultural em virtude do impacto da globalização da cultura. García Canclini (2000) ressalta a diminuição de freqüência a espaços públicos relacionados à oferta cultural clássica, em conseqüência das características de complexificação da vida urbana, como disponibilidade de tempo, dificuldades nos deslocamentos e medo da violência urbana. Da mesma forma, Ortiz (2000, p.211) argumenta que tanto a tradição como as artes não se configuram mais como padrões de legitimidade no novo contexto mundial globalizado. Em suas palavras,

já não são os valores ‘clássicos’ que organizam a vida cultural, mas o que alguns autores chamam de ‘cultura das saídas’. A arte de viver não toma mais como referência a ‘alta cultura’, mas os tipos de ‘saídas’ realizadas pelos indivíduos. A oposição ‘cultura erudita’ versus ‘cultura popular’ é substituída por outra: ‘os que saem muito’ versus ‘os que permanecem em casa’. [...] A mobilidade, característica da vida moderna, torna-se sinal de distinção.

        Mais especificamente, os estudos sociológicos que fazem análises sistemáticas das políticas culturais e das tendências gerais das práticas culturais dos indivíduos, bem como os preocupados com os usos e as vivências da cultura nos espaços-tempos cotidianos, apresentam, geralmente, uma tipologia das práticas culturais (Brenner; Dayrell; Carrano, 2005; Lopes, 2000).
        De modo geral, essa tipologia distingue, inicialmente, dois grandes grupos: práticas culturais e práticas de lazer e entretenimento. Incluem-se, no primeiro caso, a ida a ópera/concerto de música clássica, balé/espetáculo de dança, teatro, cinema, museu/exposição e livraria/biblioteca – considerados práticas de caráter clássico (ou seja, da cultura legitimada ou cultura cultivada). Já as práticas de lazer e entretenimento, também identificadas como indicadores de uma “cultura das saídas”, incluem: sair com amigos, sair para dançar, sair para almoçar ou jantar fora, freqüentar cafés, ir à praia, ir ao shopping, ir a eventos esportivos etc., além das atividades que se praticam em casa, como ver televisão, ouvir rádio, ouvir música, ler jornais/revistas em geral.
        Os dados levantados pela pesquisa Informações Básicas Municipais (IBGE, 2001) contribuem para a compreensão de um dos fortes motivos da baixa taxa de participação em atividades culturais de ocupação do tempo livre. Ao procurar identificar a infra-estrutura cultural dos municípios brasileiros, considerando apenas cinco tipos de equipamentos culturais, aqueles associados à expressão da cultura cultivada, a pesquisa revela que as bibliotecas são os equipamentos com a maior presença municipal (79%). Além disto, menos da metade dos municípios brasileiros dispõe de livrarias (43%). Isto evidencia que a disponibilização de livros por meio das bibliotecas é mais extensa do que pela rede privada de livrarias. Já os teatros estão presentes em 19%, os museus em 17% e os cinemas em apenas 8%.
        A seguir, apresenta-se o retrato da distribuição de equipamentos culturais na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de ser um dos mais importantes centros culturais do país, o Rio não conseguiu ainda dar acesso à cultura de maneira equânime para seus habitantes. No tocante à distribuição de equipamentos culturais associados à expressão da cultura cultivada, a tabela 1 mostra que estão quase todos no Centro, Zona Sul, Tijuca e Barra.

Tabela 1: Quantidade de museus, centros culturais, teatros,
cinemas e bibliotecas na cidade do Rio de Janeiro, por área

 
Museus
Centros culturais
Teatros
Cinemas
Bibliotecas
Centro, Zona Sul e Tijuca
59
57
92
55
64
Leopoldina, Madureira, Méier e Ilha
8
4
9
22
10
Jacarepaguá e Cidade de Deus
0
1
0
0
1
Barra da Tijuca
1
0
4
37
0
Campo Grande, Santa Cruz, Bangu e Guaratiba
0
5
2
4
4
Fonte: Levantamento de Eliomar Coelho com base em dados do Instituto Pereira Passos, 2003.

        Quando o que está em foco é a oferta de expressões culturais, a insuficiência e a concentração não equânime do equipamento cultural afetam, em especial, as pessoas dos setores menos favorecidos do ponto de vista socioeconômico e cultural. Nas áreas em que residem 75% da população (4.417.793 habitantes) do Rio de Janeiro (Leopoldina, Madureira, Méier, Ilha, Campo Grande, Santa Cruz, Bangu, Guaratiba, Jacarepaguá e Cidade de Deus), existem apenas 73 equipamentos culturais (13% dos equipamentos instalados). Já o Centro, a Zona Sul, a Tijuca e a Barra, onde moram 25% dos cariocas (1.440.111 habitantes), dispõem de 483 aparelhos culturais (87% da capacidade instalada). Em síntese, os equipamentos associados à expressão da cultura cultivada se concentram nas áreas menos populosas e mais providas de capital cultural.
        As questões relativas à importância dos museus na promoção da cultura e os dados referentes à insuficiência e à concentração não equânime dos equipamentos culturais nos levaram a indagar: os museus, expressões da cultura cultivada, estão presentes na experiência cultural dos jovens? Quais são as condições socioculturais que promovem o acesso às instituições museológicas?
        O intuito deste trabalho é investigar a existência de relações entre o número de museus visitados pelas escolas municipais e particulares do município do Rio de Janeiro e as variáveis relacionadas aos capitais econômico, social e cultural. Além disto, pretendemos examinar alguns aspectos associados às visitas e aos museus freqüentados pelos jovens. Inicialmente, apresentamos uma concisa revisão da literatura sobre o conceito de capital dos sociólogos Bourdieu e Coleman. Em seguida, descrevemos o procedimento metodológico utilizado. Finalmente, apresentamos o resultado da análise e as discussões relevantes.

Os capitais econômico, social e cultural na concepção de Bourdieu e Coleman

        Bourdieu e Coleman introduziram o conceito de capital na análise social para se referirem não apenas à sua forma econômica, mas também à sua forma cultural e social. Este termo da área econômica foi utilizado pelos dois autores no estudo das desigualdades escolares, como metáfora para falar das vantagens culturais e sociais que indivíduos ou famílias possuem e que, geralmente, os conduzem a um nível socioeconômico mais elevado.
        A problemática que leva esses dois estudiosos a uma concepção ampliada do conceito de capital repousa, fundamentalmente, sobre evidências empíricas que apontam as limitações do conceito de capital econômico para explicar plenamente a ligação entre nível socioeconômico e bons resultados educacionais, o que os faz considerar que outras formas de capital, o social e o cultural, além de interagirem com o capital econômico, contribuem diretamente para fortalecer esta relação.
        Embora desenvolvam o conceito de capital em bases teóricas distintas, esses sociólogos compartilham concepções similares, particularmente no que se refere ao conceito de capital econômico.
        Bourdieu (1989) vê o espaço social como um campo de lutas onde os agentes elaboram estratégias que permitem manter ou melhorar sua posição social. O capital econômico, sob a forma de diferentes fatores de produção (terras, fábricas, trabalho) e do conjunto de bens econômicos (dinheiro, patrimônio, bens materiais), permite que indivíduos e grupos elaborem estratégias para manter ou melhorar sua posição social.
        Por sua vez, Coleman (1988) define o capital econômico tanto como renda e riqueza material como em termos dos bens e serviços a que ele dá acesso. Este autor vê o capital econômico como uma parte importante da relação que une a origem familiar às diferentes posições socioeconômicas.
        Quanto ao conceito de capital social, Bourdieu (1980) diz que ele está associado aos benefícios mediados pelas redes extrafamiliares e às lutas concorrenciais entre indivíduos ou grupos no interior de diferentes campos sociais. As ligações estabelecidas entre os indivíduos de um mesmo grupo não são somente advindas do compartilhamento de relações objetivas e de espaço econômico e social, mas também fundadas em trocas materiais e simbólicas.
        Coleman (1988, p.98) define o conceito de capital social pela sua função, argumentando que este tipo de capital não é um atributo dos indivíduos, mas um aspecto dependente do contexto e da estrutura social, ou seja, inerente à estrutura das relações entre dois ou vários atores. Isto quer dizer que o capital social não está alojado nem nos próprios atores, nem nos instrumentos físicos de produção: só acontece nas relações entre as pessoas e por meio de trocas que facilitam a ação de indivíduos ou grupos. Para o sociólogo americano, o conceito de capital social guarda uma relação estreita com o grau de integração social de um indivíduo e sua rede de contatos sociais. O tamanho da rede não importa tanto, mas sim a qualidade das relações que nela se estabelecem.
        Em síntese, enquanto Bourdieu enfatiza os conflitos e as lutas concorrenciais entre indivíduos e grupos pelos diferentes espaços de poder, Coleman destaca os meios pelos quais os diferentes grupos sociais trabalham em conjunto e as relações de reciprocidade e de confiança entre seus membros. Provavelmente, as diferenças existentes entre estas duas perspectivas contêm, de maneira implícita, parte das razões que tanto levam Bourdieu a relativizar o papel da família na mobilização de capital social como levam Coleman a enfatizar as relações internas à família como uma das principais fontes de mobilização deste tipo de capital.
        Enredado na malha familiar está o conceito de capital cultural de Bourdieu (1979). No seu entendimento, o capital cultural pode existir sob três estados: incorporado, objetivado e institucionalizado.
        O capital cultural no seu estado incorporado constitui o componente do contexto familiar que atua de forma mais marcante na definição do futuro escolar da prole, uma vez que as referências culturais, os conhecimentos considerados apropriados e legítimos e o domínio maior ou menor da língua culta trazida de casa (herança familiar) facilitam o aprendizado dos conteúdos e dos códigos escolares.
        No estado objetivado, o capital cultural existe sob a forma de bens culturais, tais como esculturas, pinturas, livros etc. Para possuir os bens culturais na sua materialidade, é necessário ter simplesmente capital econômico, o que se evidencia na compra de livros, por exemplo. Todavia, para se apropriar simbolicamente destes bens, é necessário possuir os instrumentos de tal apropriação e os códigos necessários para decifrá-los, ou seja, é necessário possuir capital cultural no estado incorporado.
        Por último, o capital cultural institucionalizado ocorre basicamente sob a forma de títulos escolares. O grau de investimento na carreira escolar está vinculado ao retorno provável que se pode obter com o título escolar, notadamente no mercado de trabalho.
        A definição de Bourdieu de capital cultural institucionalizado guarda comunalidades com a definição de capital humano de Coleman. Este último considera que o capital humano é medido aproximadamente pelo nível de instrução das pessoas. No caso das famílias, o capital humano é potencialmente importante para proporcionar um ambiente cognitivo propício à aprendizagem escolar da criança.

Informações metodológicas

        A questão sobre quais são as relações existentes entre os capitais econômico, social e cultural e o número de museus ou instituições culturais afins visitados pelas escolas municipais e particulares do município do Rio de Janeiro apóia-se em duas hipóteses:
  • o capital social com o qual os jovens podem contar para interagir com os museus inclui ações de professores e escolas;
  • do ponto de vista escolar, a possibilidade de professores e escolas contribuírem para o estoque de capitais social e cultural que viabiliza o acesso dos jovens às instituições museológicas é mediada por aspectos das políticas culturais e educacionais, que contribuem para aproximar ou afastar as escolas e seus estudantes dos equipamentos culturais.

Dados

        Os dados utilizados são referentes a um questionário contextual auto-administrado, aplicado aos jovens, aos profissionais das escolas envolvidos com a organização de visitas a museus e aos diretores das unidades escolares. Acessados via escola, foram escolhidos os jovens da oitava série do ensino fundamental, porque esta série corresponde ao fechamento de um ciclo. Eles foram selecionados a partir de uma amostra de escolas situadas no município do Rio de Janeiro. O plano amostral foi baseado em amostragem probabilística complexa, envolvendo estratos, conglomerados e pesos amostrais. A amostra final foi composta por 48 escolas (25 municipais e 23 particulares), 80 turmas de oitava série e 2.298 alunos. No contato com as unidades escolares, foram identificados os profissionais diretamente envolvidos com a organização de visita (81 responderam ao questionário). No tocante aos diretores, 45 responderam a ele.
        No questionário do profissional envolvido com a organização de visita (professor ou coordenador pedagógico) foram priorizadas as questões que solicitavam o nome dos museus visitados nos últimos 12 meses (referentes ao ano de 2003), considerando todas as turmas que os visitaram, não só as de 8ª série e, fundamentalmente, as que se baseiam em trocas materiais e simbólicas (capital social e cultural). O quadro 1 subseqüente apresenta a descrição da variável dependente (a que se quer explicar) e das variáveis explicativas selecionadas para a análise bivariada a partir do questionário do profissional da escola.

Quadro 1: Variáveis utilizadas

Variável
Tipo de variável
Codificação
Descrição
DEPENDENTE    
Número de museus visitados
(qualquer temática restrito)
Contagem
(mínimo=0 e máximo=15)
Número de museus visitados. Obtida a partir de resposta do questionário do profissional sobre os museus visitados pela escola, nos últimos 12 meses (2003), considerando todas as turmas que visitaram.
EXPLICATIVAS    
Nível socioeconômico da escola
Contínua
Nível socioeconômico médio dos alunos da escola.
Fase 1: construção de três indicadores de posição socioeconômica e cultural (escolaridade familiar, posse de bens familiar e disponibilidade de recursos educacionais/culturais familiar).
Fase 2: os três indicadores foram padronizados e agregados, por análise fatorial, em um único índice (NSE do aluno).
Fase 3: esse índice foi agregado por média à base escola e, em seguida, foi padronizado de forma a assumir média zero e desvio padrão 1.
Disponibilidade de recursos educacionais/culturais escolar
Contínua
Obtida por TRI Não Paramétrica a partir de itens dicotômicos do questionário do profissional e do diretor.
Prática cultural dos profissionais da escola
Contínua
Obtida por TRI Não Paramétrica a partir de itens ordinais do questionário do profissional e do diretor.
Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        No que diz respeito à variável dependente, cabe informar que, em primeira instância, consideraram-se como instituição cultural afim a museu espaços como jardim botânico, reserva florestal, zoológico e planetário, que já são contemplados pela definição de museu presente nos estatutos do Comitê Brasileiro do Comitê Internacional de Museus (Icom, na sigla em inglês). Além disto, ampliou-se esse entendimento para outros espaços culturais, como centro cultural, teatro municipal, biblioteca nacional, entre outros. Pelo fato de os jovens mencionarem que visitam jardim botânico e zoológico com a família, não somente com a escola – visita agendada com objetivos educacional-pedagógico e cultural –, optou-se por dividir os museus visitados pelos alunos ao longo da vida em dois grupos: amplo e restrito. O amplo engloba os museus de qualquer temática, incluindo jardim botânico e zoológico. O restrito engloba todos, com exceção desses dois últimos espaços. Tal divisão possibilitou uma análise mais precisa do acesso às instituições museológicas, visto que locais como jardim botânico e zoológico são atrativos e assumem, dependendo do contexto, um caráter de prática de lazer e entretenimento.
        No tocante ao capital cultural baseado na escola, um indicador de prática cultural1 foi construído a partir das respostas dos profissionais sobre a disponibilidade no local de recursos educacionais/culturais: jornais, revistas de informação geral, revistas de divulgação científica, televisão, videocassete ou DVD, vídeos educativos, aparelho de som, retroprojetor, projetor multimídia, computador, softwares educativos e acesso à Internet. A disponibilidade foi medida a partir de duas categorias de resposta: sim e não. Além disto, perguntamos sobre a freqüência com que, nos últimos 12 meses (referentes ao ano de 2003), foram a cinema, teatro, ópera ou concerto de música clássica, balé ou espetáculo de dança, show de música e livraria. A freqüência foi medida a partir de quatro categorias de resposta: não, 1 a 2 vezes, 3 a 4 vezes e mais de 4 vezes.
        No questionário do aluno foram priorizadas as questões que solicitavam o nome dos museus visitados ao longo da vida e as relacionadas a aspectos como período, número e contexto da visita.
        O quadro 2 subseqüente apresenta a descrição das variáveis dependentes e da explicativa utilizadas na análise bivariada a partir do questionário do aluno.

Quadro 2: Variáveis utilizadas

Variável
Tipo de variável Codificação
Descrição
DEPENDENTES    
Número de museus visitados
(qualquer temática restrito)
Contagem
(mínimo=0 e máximo=8)
Número de museus visitados. Obtida a partir de resposta do questionário do aluno sobre os museus visitados ao longo da vida.
Número de museus visitados
(Ciência e Tecnologia Restrito)
Idem
Idem
Número de museus visitados
(Arte)
Idem
Idem
Número de museus visitados
(Centro Cultural)
Idem
Idem
Número de museus visitados
(História)
Idem
Idem
Número de museus visitados
(Militar)
Idem
Idem
EXPLICATIVA    
Dependência administrativa (Rede)
Categórica
Municipal e Particular
Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

A promoção do acesso a museus a partir dos dados do contexto escolar

        Apresentamos e discutimos agora os principais resultados relativos ao padrão de acesso e ao número de museus visitados, em função da rede de ensino, do nível socioeconômico, da disponibilidade escolar de recursos educacionais/culturais e da prática cultural dos profissionais da escola.

Número de museus visitados e o nível socioeconômico dentro de cada rede de ensino

        A recente pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em 2000, coordenado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), abrangendo 32 países participantes, comprovou que o Brasil apresenta um dos mais altos índices de correlação entre o nível socioeconômico médio dos alunos e a presença de recursos escolares relevantes para o aprendizado. Estes resultados têm sido confirmados em estudos, envolvendo os dados coletados, em 2001, pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) que mostram que o nível socioeconômico é uma variável definidora da segmentação do sistema de ensino e que a alocação dos alunos nas escolas não é aleatória.
        Os achados oriundos da relação entre o número de museus visitados_qualquer temática restrito e o nível socioeconômico dentro da rede municipal e privada estão em consonância com as pesquisas mencionadas anteriormente. O gráfico 1 subseqüente mostra que existe uma forte relação entre nível socioeconômico e rede de ensino. Há uma grande concentração de escolas municipais abaixo da média (nível socioeconômico baixo), enquanto a maioria das particulares está acima da média (nível socioeconômico alto). Além disto, considerando o nível socioeconômico dentro de cada rede, apurou-se que, dentro da rede municipal, o valor do nível socioeconômico alto é menor do que o valor do nível socioeconômico baixo da maioria das escolas da rede privada.
        A despeito desse fato, o número médio de museus visitados pelas escolas municipais de nível socioeconômico baixo (5.17) e alto (4.92) é maior do que o número médio das escolas particulares de nível socioeconômico baixo (3.27). Tem destaque o número médio de museus visitados pelas escolas particulares de nível socioeconômico alto (8.00).

Gráfico 1: Distribuição das escolas segundo o número de museus visitados e o nível socioeconômico dentro de cada rede


Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        Em síntese, observando exclusivamente a rede municipal, fica evidente que a prática de visita a museus ocorre tanto nas unidades escolares de nível socioeconômico baixo como nas de nível socioeconômico alto. Os alunos pertencentes a ambas têm acesso garantido a este tipo de espaço cultural. Já na rede privada, esta prática assume traços distintos: o acesso, bem como o número de museus visitados para os alunos pertencentes às escolas de nível socioeconômico baixo, é bem menor.
        No que diz respeito à prática de visita a museus, pode-se concluir que as escolas municipais têm um papel equalizador. Em outras palavras, promovem eqüidade, uma vez que o número médio de instituições museológicas visitadas pelas escolas municipais, com nível socioeconômico baixo ou alto, é maior do que o número médio das escolas particulares de nível socioeconômico baixo. No que se refere ao acesso a museus, não pesa tanto para os alunos pertencer à rede municipal. Mas a situação é bem diferente quando deslocamos o foco para o desempenho escolar.
        O gráfico 2 subseqüente foi construído com base nos dados relativos ao desempenho médio em matemática dos alunos da oitava série do ensino fundamental, pertencentes às escolas municipais e particulares do município do Rio de Janeiro que participaram do Saeb no ano de 2001.

Gráfico 2: Distribuição das escolas segundo o desempenho médio em matemática e o nível socioeconômico alto e baixo dentro de cada rede

Fonte: SAEB 2001

        Verifica-se que, nas escolas municipais de nível socioeconômico baixo (239 pontos) e de nível socioeconômico alto (257 pontos), o valor do desempenho médio em matemática está abaixo da média (280 pontos) e é menor do que o das escolas particulares de nível socioeconômico baixo (287 pontos) e de nível socioeconômico alto (316 pontos), ambas acima da média.
        Nesse caso, ao contrário do que se observou em relação à promoção do acesso a museus, é mais vantajoso para os alunos estudar em escolas da rede privada de nível socioeconômico baixo do que pertencer à rede municipal.

Número de museus visitados e a disponibilidade de recursos educacionais/culturais

        Os achados encontrados indicam que a maioria das escolas municipais possui baixa disponibilidade desse tipo de recurso (há uma concentração em torno da média e um grupo pequeno que se equipara às unidades da rede privada), enquanto, nas particulares, esta disponibilidade é alta. Observam-se estes dados no gráfico 3 abaixo.

Gráfico 3: Distribuição das escolas segundo o número de museus visitados e a disponibilidade de recursos educacionais/culturais na rede privada e municipal

Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        Para verificar se a disponibilidade de recursos educacionais/culturais tem associação com o número de museus visitados, foi calculada a correlação entre a variável dependente (número de museus vistados_qualquer temática restrito e a explicativa (disponibilidade de recursos educacionais/culturais escolar). Considerando apenas a rede municipal, observou-se que a correlação é nula, ou seja, não existe associação entre estas variáveis. Já na rede privada, a correlação foi evidente: existe uma associação, isto é, escolas que têm alta disponibilidade de recursos educacionais/culturais visitam um número maior de museus.
        Esses resultados expressam o fato de que o fomento para o acesso a museus é uma política geral da rede municipal, reafirmando que ações, mobilização, investimentos e trocas que são estabelecidas para instituir a prática de visita estão associados às unidades escolares.

Número de museus visitados e a prática cultural dos profissionais da escola

        Os achados encontrados indicam que a maioria das escolas municipais possui profissionais com prática cultural abaixo da média (há uma concentração em torno da média e um grupo pequeno que se equipara às unidades da rede privada). Já a maioria das escolas particulares possui profissionais com alta prática cultural. Observam-se estes dados no gráfico 4 abaixo.

Gráfico 4: Distribuição das escolas segundo o número de museus visitados e a prática cultural dos profissionais na rede privada e municipal

Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        Para verificar se a prática cultural dos profissionais da escola tem associação com o número de museus visitados, foi calculada a correlação entre a variável dependente (número de museus visitados_qualquer temática restrito) e a explicativa (prática cultural dos profissionais da escola). Considerando apenas a rede municipal, observou-se que a correlação é nula, ou seja, não existe associação entre estas variáveis. Já na rede privada, a correlação foi evidente: existe uma associação, isto é, escolas cujos profissionais têm alta prática cultural visitam um número maior de museus.
        Esses resultados, semelhantes àqueles que foram encontrados para o indicador disponibilidade de recursos educacionais/culturais, reafirmam que o fomento para o acesso a museus é uma política geral da rede municipal e está associada à escola.

As visitas e os museus freqüentados pelos alunos

        Os museus visitados pelos alunos ao longo da vida foram classificados de acordo com: temática e localização geográfica.
        No que diz respeito aos resultados oriundos da relação entre a variável explicativa rede e a variável dependente número de museus visitados_qualquer temática restrito, observou-se que o percentual de alunos das escolas particulares que não visitaram museus (15%) é menor do que o das escolas municipais (31%). Constatou-se, ainda, que os estudantes da rede privada visitaram uma quantidade maior de museus (número médio = 2.23), em comparação com os da rede municipal (número médio = 1.35). Observam-se estes dados na tabela 2 abaixo.

Tabela 2: Porcentagem dos alunos segundo o número de museus visitados
ao longo da vida, por rede de ensino (%)
 
Rede
Privada
Municipal
Número de museus visitados (qualquer temática restrito)
Não visitou
15
31
Visitou 1
25
32
Visitou 2
22
20
Visitou 3
15
9
Visitou 4
12
5
Visitou 5
7
2
Visitou 6
3
1
Visitou 7
1
-
Visitou 8
-
-
Total
100
100
Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Ciência, Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        Considerando o número e as distintas temáticas dos museus visitados ao longo da vida por rede de ensino, verificou-se que os museus de ciência e tecnologia foram os mais visitados pelos alunos, em comparação com as instituições de outras temáticas. No tocante à variável número de museus visitados_C&T (restrito, não engloba jardim botânico e zoológico), o percentual de alunos das escolas particulares que não visitaram (58%) é menor do que o das escolas municipais (62%). O número médio de museus visitados apresenta uma diferença muito pequena 0.52 versus 0.46, respectivamente.
        Em relação à variável número de museus visitados_história, 54% dos alunos da rede privada e 76% dos da rede municipal não foram a estes locais (número médio de museus visitados = 0.68 versus 0.31, respectivamente). Para a variável número de museus visitados_arte, os resultados encontrados indicam que 64% dos alunos da rede privada e 81% dos da rede municipal não foram a estes locais (número médio de museus visitados = 0.48 versus 0.21, respectivamente). No que diz respeito à variável número de museus visitados_centros culturais, 70% dos alunos da rede privada e 88% dos da rede municipal não foram a estes locais (número médio de centros culturais visitados = 0.39 versus 0.14, respectivamente). O caso dos museus militares é o único em que o percentual de estudantes das escolas particulares que não visitaram é maior do que o encontrado para as unidades municipais: 84% e 79%, respectivamente (número médio de museus visitados = 0.23 versus 0.17). Observam-se estes dados na tabela 3 abaixo.

Tabela 3: Porcentagem dos alunos segundo o número de museus de ciência e tecnologia visitados ao longo da vida, por rede de ensino (%)

 
Rede
Privada
Municipal
Número de museus visitados (Ciência & Tecnologia _R)
Não visitou
58
62
Visitou 1
34
30
visitou 2
7
7
Visitou 3
1
1
Total  
100
100
Número de museus visitados (História)
Não visitou
54
76
Visitou 1
31
18
Visitou 2
10
5
Visitou 3
4
1
Visitou 4
1
-
Total  
100
100
Número de museus visitados (Arte)
Não visitou
64
81
Visitou 1
27
16
Visitou 2
7
2
Visitou 3
2
1
Total  
100
100
Número de museus visitados (Centro Cultural)
Não visitou
70
88
Visitou 1
23
11
Visitou 2
6
1
Visitou 3
1
-
Total  
100
100
Número de museus visitados (Militares)
Não visitou
84
79
Visitou 1
14
19
Visitou 2
2
2
Total  
100
100
Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Ciência, Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        No tocante à variável número de museus visitados_município do Rio de Janeiro, apurou-se que apenas 7% dos alunos da rede privada e 16% dos da rede municipal não foram a museus localizados nesta região. Considerando a variável número de museus visitados_fora do município do Rio de Janeiro (museus localizados em outros municípios do estado do Rio ou em outros estados brasileiros), o percentual de alunos das escolas particulares que não visitaram (65%) continua menor do que o das escolas municipais (88%). Como o esperado, somente os alunos das escolas particulares visitaram museus localizados no exterior (4%).
        A seguir, são apresentados e discutidos os resultados da relação entre contexto da visita (com quem visitou) e rede de ensino.
        Sabe-se, com base na literatura específica, que jovens estudantes, em geral, chegam aos museus por meio da família e da escola. Por conta disto e dos baixos percentuais encontrados para as outras situações de visita (sozinho, com amigos, com outras pessoas), optou-se por comentar a distribuição relativa aos dois primeiros contextos.

Tabela 4: Porcentagem dos alunos segundo o contexto da visita ao museu que mais gostou, por rede de ensino (%)

 
Rede
Privada
Municipal
Contexto da visita
(com quem visitou o museu que mais gostou)
Apenas com família
42
27
Apenas com a escola
25
41
Apenas com amigos ou sozinho
5
7
Apenas com outras pessoas
1
3
Com a família e com a escola
12
8
Com a família e com amigos ou sozinho
6
3
Outras combinações
9
11
Total 100 100
Fonte: Puc-Rio – Pesquisa Ciência, Cultura, Museus, Jovens e Escolas: quais as relações?, 2004

        Observou-se que o percentual de alunos da rede privada que visitaram o museu de que mais gostaram apenas com a família (42%) é maior do que o encontrado para a rede municipal (27%). Ocorre uma inversão quando o contexto da visita muda para apenas com a escola: 41% da rede municipal versus 25% da rede privada. Estes achados dão pistas para explicar as diferenças encontradas entre o número médio de museus visitados pelos alunos e o número médio de museus visitados pelas escolas.
        Famílias e escolas têm um papel relevante na constituição de um “gosto” e de um “habitus” de visita a museus ou instituições culturais afins. Ou seja, é um trabalho de inculcação e de assimilação que exige investimentos de longa duração e que pode perfeitamente ser desempenhado por esses contextos, uma vez que a maioria dos jovens ainda passa grande parte de seu tempo no convívio com a família e com a escola. Com base nos resultados encontrados, pode-se dizer que, para os alunos pertencentes à rede municipal, a escola é um contexto muito importante, não só para promover o acesso, mas para garantir um número maior de museus visitados. Para os alunos da rede privada, a família atua de forma mais marcante, garantindo o acesso e a quantidade de instituições culturais visitadas.

Comentários finais

        Os contrastes socioeconômicos da sociedade brasileira também se manifestam na desigualdade do acesso a bens, produtos, serviços, informações, meios de produção e espaços públicos de cultura. Em um quadro de restrições orçamentárias tanto do Estado como das famílias, a cultura, inúmeras vezes, é vista como algo secundário ou privilégio de poucos. Os espaços de cultura com todas as suas potencialidades, principalmente para os jovens, são momentos privilegiados de construção de relacionamentos sociais com múltiplas mediações, desde os mais orientados para a satisfação de necessidades pessoais até aqueles voltados para o estabelecimento de vínculos sociais.
        A pesquisa Informações Básicas Municipais (IBGE, 2001) e o levantamento de Eliomar Coelho, com base em dados do Instituto Pereira Passos (2003), contribuem para a compreensão de um dos fortes motivos para a baixa taxa de participação em atividades culturais de ocupação do tempo livre. Políticas culturais públicas devem ser capazes de atuar sobre essas condições desiguais, favorecendo a criação de situações materiais que possam aumentar as possibilidades de fruição do tempo livre, bem como democratizar o acesso a espaços, equipamentos, instituições e serviços de cultura.
        Uma das primeiras conclusões que se destacam é que os jovens brasileiros residentes no município do Rio de Janeiro visitam museus e têm acesso a eles por meio de suas famílias ou da escola na qual estudam. Do ponto de vista do contexto escolar, as desigualdades relacionadas à prática de visita se manifestam, notadamente, quando considerada a variável rede de ensino. O nível socioeconômico é um condicionante que segmenta esta rede em duas partes: as unidades escolares de nível socioeconômico baixo (rede municipal) e as de nível socioeconômico alto (rede privada).
        As escolas municipais visitam museus mais freqüentemente do que as escolas particulares que possuem nível socioeconômico inferior ao nível socioeconômico médio da rede privada, ainda que o nível socioeconômico dessas escolas seja maior que o das escolas da rede municipal. Além disto, o quantitativo dos jovens das unidades municipais que afirmaram ter visitado o museu de que mais gostaram apenas com a escola é bem maior do que o das unidades particulares. Conclui-se, portanto, que o capital social baseado na escola – ações, mobilizações, investimentos, trocas – contribui para o alargamento da experiência cultural dos jovens em geral e dos jovens pertencentes às escolas públicas em particular. Em outras palavras, as escolas municipais possuem um papel ativo e equalizador, particularmente relevante para os jovens cujas famílias têm menor volume de capital cultural.
        Os resultados, especialmente o relativo ao fomento que a escola concede às visitas a instituições museológicas, reforçam a relevância de uma política mais ativa e mais efetiva de aprimoramento dos acervos, da preservação de coleções e dos programas educacionais de museus. Este tipo de política certamente potencializa a promoção de eqüidade cultural, uma vez que as instituições escolares facilitam a aproximação dos jovens com os museus, considerados pela sociedade como uma das mais importantes expressões da cultura cultivada.

Referências bibliográficas

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. (2001) Informações Básicas Municipais (Munic). Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 maio 2005.

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ORTIZ, R. (2000) Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense.



NOTAS
1Obtido com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI) Não Paramétrica, forma generalizada da escala de Mokeen para itens dicotômicos (Molenaar, 1997).